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quinta-feira, 29 de abril de 2021

ânimo

Postado por Bianca Barion às 01:32 0 comentários




 eu queria garantir que próxima semana eu estarei aí

que iremos brindar como havia prometido no áudio de 3 minutos o qual relatava o quanto gosto de sair 

eu ria tanto que me perguntavam se eu estava bêbada

afirmava que não

nessa situação de animação descontrolada a última coisa que eu poderia fazer seria beber

"por favor, pare de perguntar se bebi" eu sussurrava

porque agora conheço que tudo há um limite

até para uma felicidade exacerbada

a tristeza vem com a mesma força

bate na sua carne e depois atinge seus ossos 

e então você tem certeza que todos te odeiam

até a amiga que escutou seu áudio 

a que estava rindo com você

você nunca encontrará o amor, a memória diz

porque quando você chorou e abriu suas feridas

eles foram embora, com medo

"ela é louca" devem ter pensado

e por isso eu não posso garantir que próxima semana irei te ver

porque nem eu mesma sei em que versão minha estarei mergulhada

a que derrama ou a que joga tudo para o alto e vê os destroços caírem nos olhos, sorrindo, e nem se sabe o porquê do sorriso

eu não sei quando esse vazio vai passar

e quando o falsa preenchimento dele irá embora 

só desejo não ir embora de mim



sábado, 24 de abril de 2021

ser madura não é deixar com que os outros te machuquem

Postado por Bianca Barion às 00:51 0 comentários
eu fielmente consigo reproduzir suas palavras em minha memória
sua expressão
suas mãos tremulas 
você repetia, de novo e de novo, que me admirava 
que eu era madura
e só agora, realmente amadurecendo, posta naquela situação
consigo me ver como tudo, menos como madura
eu não tive respeito com a pessoa que mais amo
comigo mesma
meu reflexo no espelho, rosto ruborizado 
olhos que ardiam, o ar que me sufocava
você me desprezou e eu deitei mais uma noite ao seu lado, na cama fria
porque, ali, eu amava mais você do que a mim
e hoje te agradeço por ter ido embora
só assim consegui ver como eu colocava alguém que conhecia há 1 mês acima de quem eu sou há 24 anos

terça-feira, 6 de outubro de 2020

[TEXTO] ONTEM

Postado por Bianca Barion às 00:34 0 comentários



Ontem eu me senti adolescente. E mesmo sem ninguém me entregar esse título, nas profundezas de minha solidão, o eco me fez perceber. De alguma maneira eu era adolescente de novo. Meu corpo parecia se curvar de vergonha. Alguma coisa em mim não se encaixava, eu não pertencia àquele momento mais. Eu não podia pagar a conta do passado duas vezes, esse débito não cabia. O que eu havia aprendido havia sido jogado fora em alguma parte da minha formação? Pensara. Mas foi aí que o velho eu, que carrego desde criança, me contou que não era sobre regredir e sim encontra-se na mesma situação de anos anteriores e com a dureza do agora, agir de uma maneira diferente. Isso era crescer, sem nomeações de ciclos. 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

[TEXTO] legítimo

Postado por Bianca Barion às 00:17 0 comentários

soube que ontem nevou e o violeta de minha mão não pulsou em seu contato
isso porque eu não estava lá
ontem 100 pessoas morreram e por que a neve ainda permanece na minha cabeça?
as pessoas estão vivendo com a televisão ligada o tempo todo
os sons são banalizados
só espere eles esquecerem o que está acontecendo
quando um jovem de 24 anos foi infectado
pensava no porquê, ele também
a luz acaba, o corpo fica preso na escuridão do meio dia
a morte é legítima
e o que há no meio disso?
enquanto vivo, tristeza não se comprova








segunda-feira, 18 de novembro de 2019

[TEXTO] personagem de mim mesma

Postado por Bianca Barion às 22:33 0 comentários
se eu dissesse que, mais jovem, sinto falta de quando parecia que eu tinha o poder da narrativa dos acontecimentos
mesmo triste, eu só tinha 14 anos e isso me reconfortava
é agora ou nunca
enquanto eu deveria estar lendo a personagem de ficção
a única personagem que conheço sou eu e a ficção da minha vida se transformou em uma realidade pesada
a existência está tão papável, materializou-se
e eu só queria estar presa dentro dos meus livros infanto-juvenis, sem julgamento por não ser mais adolescente, vivendo dentro da cena do primeiro beijo para sempre
onde não se descobre que o mundo é feio e, às vezes, você mesmo é
as idealizações se congelam e a pessoa que você nunca teve para si se conserva na imagem perfeita
sem descobrir que são só seres humanos e não divindades
a imaginação, em suas linhas presas à tela do computador, sem jamais deixar que elas entrem em contato com a realidade de carne que sangra
que te quebra e te faz ver que nada é perfeito
a vida real é essa e você não possui nenhum controle sobre os personagens e os figurantes
e então, pra que tudo isso, se só a escrita salva
ali sou personagem de mim mesma.

domingo, 6 de maio de 2018

[TEXTO] BONECA DE PAPEL

Postado por Bianca Barion às 23:17 0 comentários




Ficava sozinha e compreendia que as pessoas não podiam circundá-la em todos os momentos, até preferia
As paredes respiravam e transpiravam junto, escutando o quanto seu silêncio podia passar por entre as suas finas camadas
Tudo aquilo era ensurdecedor
Então deitar-se na cama ou pular em direção ao chão frio da madrugada
Não sabia qual era o melhor
Alguém seria capaz de dizer o que era? perguntava a si
Quando olhava em sua volta, não encontrava ninguém
Mas repetindo que entendia que não havia como alguém estar sempre lá
Também perguntava se era normal ninguém nunca estar
Enquanto todo aquele silêncio a curvava por inteira de tão alto que era, como ninguém escutava?
Talvez tivesse que passar por todas as portas deixando seu rastro de lágrima
Poderia ser que alguém olhasse e viesse perguntar algo
Talvez não
E ela sabia que ninguém ouviria seu pedido de socorro mudo entre as frestas
Percebeu que estava completamente rasgada
Pensava que talvez fosse frágil como algo feito de papel
Por isso todos tinham medo de tocá-la
Porém ao acordar na manhã seguinte sabendo que recolher-se sozinha era o melhor
Sem ninguém ter dito isso
Ou ter lhe dado a mão
Tinha certeza que era forte como algo feito de aço
Sabendo que às vezes precisava ser feita de papel
Aceitava que a rigidez não lhe pertencia




terça-feira, 1 de maio de 2018

[TEXTO] SENSORIAL

Postado por Bianca Barion às 22:44 0 comentários


Todas as vezes que ela te via
Seus olhos te ressiginificavam
Onde ao reconhecer o toque de seus lábios úmidos
Lamentava por fazê-lo
Mas assim continuava, pela segunda e quarta vez
A você era puramente entregar-se ao desejo
A ela era doar-se por inteira
Era reconstruir uma parte a qual você despedaçara
O vazio que você havia instalado em um espaço dela antes cheio
Completo por uma ternura quente que agora só aquecida pelo ar que é exalado de você
De suas narinas, da sua boca gosto de hortelã devidamente preparada para a vinda da boca dela
A boca que cambaleia, que teme, mas que sempre vinha
A você era puramente conquista
A ela era o sentimento de pertencer
Você costumava ser o ritmo de seus passos, de seu fôlego
Ela teve de aprender a fazer tudo sozinha de novo
Enquanto você fazia tudo quantas vezes fosse necessário
Sem ter como se livrar
Entregou-se e você disse a ela para partir
Não estava preparado
Ela então parou de dar significado ao que não tinha
Vocês
A ela foi um alívio
A você foi a maior perda









sábado, 27 de janeiro de 2018

[TEXTO] PORQUE ESSA É A MINHA PRIMEIRA VIDA

Postado por Bianca Barion às 01:14 0 comentários
                         
                       

E se meu maior sonho for o amor

Aqui eu permaneço, sozinha, agarrada ao vazio só imaginando segundos antes de adormecer
Cenários hipotéticos, fantásticos
Sentir-se apaixonada
Eu nem lembro mais como é
Mas sei que o coração se enche numa ternura
E então eu me imagino dividindo a cama com o grande amor da minha vida
O qual não sei onde está
O que deve estar fazendo agora na madrugada de uma sexta-feira úmida e quente
Mas eu imagino uma pessoa deitada, pijama cinza, porque gosto dessa cor, cabelos pretos
Porque é o tom que cai bem ao seu rosto
Ela dorme confortavelmente e o cheiro de sabonete exala dela
Eu levanto para pegar água com a felicidade de saber que, ao voltar, um abraço me espera na cama quente
Então eu sento na beirada da cama e o observo
Amo você, eu digo baixo
Obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo
Isso eu penso, porque ela já sabe
Faço planos para amanhã de manhã
Talvez um passeio de carro com ela até o mercado
Qualquer coisa parece divertida quando seu sorriso aparecer
Aquele que faz seus olhos fecharem completamente quando ela o exibe
Mas me vejo de novo agarrada a essa esperança que, sim, você está lá fora
Nessa sexta-feira
Procurando por mim também
Então, não demore
Mas também não corra demais
Eu durmo tarde e posso te esperar mais um pouco
Assim como você me espera, eu te espero também
Mesmo se o pijama não for cinza, caso o cabelo seja claro e o sorriso discreto
Eu só preciso imaginá-la de alguma forma

Eu só preciso acreditar no meu maior sonho


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

[TEXTO] O DESPERTAR DOS TEUS OLHOS

Postado por Bianca Barion às 22:46 1 comentários

E se fosse necessário fazer o retrato do amor ele seria moldado com a forma de alguém deitado em uma cama, 1h45 da manhã de uma quarta-feira, onde às 6h00 é esperado que já se esteja de pé, cabelo penteado, rosto limpo e café na caneca de porcelana. Mas ainda são 1h46 e a luz amarela do abajur projeta-se na parede branca e quase que dá para ver aquele olhar vago para a parte do quarto que ainda permanece escura. Olhar cansado de quem se vê imerso em um ambiente decorado de dúvidas as quais ali, naquela madrugada, não serão resolvidas e talvez nunca sejam. É a troca de lado da cama, o ritual de amassar os travesseiros e encontrar-se repetidamente em uma teia de lençóis emaranhados. O fechar de olhos que não leva ao inalcancável dormir e sim aos olhos de cor caramelo esverdeado e à lembrança do toque da mão. Quando a luz tímida do dia surge pela fresta da janela é que se percebe que nenhuma noite de sono cura o que o coração carrega.

And if it were necessary to make a portrait of love, it would be shaped by someone lying in bed, at 1:45 am on a Wednesday, where at 6:00 am you are expected to be up, hair combed, face clean and coffee. in the porcelain mug. But it's still 1:46 and the yellow light from the lamp projects itself on the white wall and you can almost see that vacant stare at the part of the room that still remains dark. The tired look of someone who finds himself immersed in an environment decorated with doubts which, at that dawn, will not be resolved and perhaps never will be. It's the changing sides of the bed, the ritual of crumpling the pillows and finding yourself repeatedly in a web of tangled sheets. The closing of the eyes that does not lead to the unreachable sleep, but to the caramel-green eyes and the memory of the touch of the hand. When the shy light of the day appears through the crack in the window, it's when you realize that no night's sleep cures what the heart carries.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

[TEXTO] 3:00 AM

Postado por Bianca Barion às 02:01 2 comentários


Imagem de art, painting, and drawing


Hoje você veio me visitar no começo da madrugada, fazia tempo que isso não acontecia. Você costumava entrar em meu inconsciente por meio de cenários pintados de um cinza escuro, onde eu não conseguia distinguir muita coisa além da sua voz que ia se esvaindo para longe de mim.
Talvez você não tenha vindo mais porque sabia que eu estava ocupada tomando conta de uma visita, eu estive tentando amar outra pessoa, não tive tempo para deixar a porta destrancada. Agora que todo o espaço encontra-se estranhamente vazio, você apareceu.

Estávamos imersos sob pingos de água que caiam sincronicamente sobre nossos cabelos já molhados, transformando-os em um castanho escuro. Você sorria como se soubesse que eu sentia sua falta e me levou para uma cena que eu experimentei pela primeira vez com você. Ali, eu não me lembro de você ter me dito nada, mas seus olhos, escuros agora como seus fios de cabelo, diziam tanta coisa. Houve um toque sobre meus ombros pelos seus dedos molhados e enrugados. “Como você está?” eles sussurravam. Minhas lágrimas não aparecerem porque os pingos do chuveiro agora eram mais fortes. “Eu sei”, novamente outra parte sua falava, “Só o meu toque alcança cada fibra tua”. E eu concordo, silenciosamente.


Como de costume, você sumiu sem se despedir, e agora eu não quero que as luzes do meu quarto se apaguem para que eu me encontre com você novamente. A cama parece grande e vazia demais e tenho medo de fechar meus olhos. Não quero ser lembrada que todo esse tempo eu estive sentindo sua falta. Que eu nunca amei ninguém como amei você e que nenhum abraço me acolhei como o seu. Que todo esse tempo que estive com outro alguém, só metade do meu coração se permitiu, porque ele completo só cabe você.

Assim como nessa imensa cama que você jamais chegou a se deitar e onde nessa pequena cidade você jamais chegou a vir. Você me visita apenas dessa maneira distante, mas é nesse momento, nesse exato momento que sei que minha alma também viaja até você. Me vejo no apartamento 13 seguindo em direção ao seu antigo quarto onde agora nem você está mais e percebo, me dividindo em pedaços sobre um chão frio, que tudo acabou e que me resta apenas isso.

Você batendo em minha porta às três horas da manhã e eu, sem escolha, te deixo entrar. 


domingo, 29 de maio de 2016

[TEXTO] A GRANDE DOR DO PRIMEIRO AMOR

Postado por Bianca Barion às 14:43 0 comentários

Imagem de art, love, and waves


O primeiro amor sempre vai ser aquele buraco deixado no peito. O primeiro vazio que você perceberá que não há alguém para preenche-lo. Não aquele primeiro menino que gostamos quando temos 12 anos. Aquele da quadra do prédio. Aquele que te dá oi às vezes. Não. Aquela primeira pessoa que faz você sentir o amor, e meu Deus, como é difícil arrancá-la.

Aquele que você conheceu para lá dos 18 anos e que te chamou para sair mais de uma vez. Que não cansou na segunda vez e não fugiu na terceira. Você descobriu a mão que se encaixava perfeitamente na sua, como um quebra cabeça finalmente terminado. Aquele silêncio que não incomoda, o beijo que acontece no meio da caminhada escura e chuvosa, onde você se esquece que seu rímel já está na suas bochechas e seu cabelo armado. Esquecendo quem você é e trazendo à tona tudo de melhor que você possa oferecer. O nervosismo frequente toda vez que vai o ver. E os cenários começando a mudar. Você vê a imagem dele esperando por você com aquele moletom vinho no parque, no metrô, no shopping, na casa dele.

A primeira pessoa que você conheceu o som do coração ao deitar sobre seu peito, e que fez o seu disparar por uma noite inteira numa mistura de euforia e suor. Onde nenhum corpo ficara tão próximo do seu e nenhum sentimento tinha te invadido a alma. A garganta seca e o cansaço da voz, onde ele te olha tão perto, emaranhando as mãos em seu cabelo úmido, provocando sensações em cada fibra de um corpo tremulo.

Você pode perceber que está apaixonada.

Talvez ele te provocasse as maiores dúvidas de sua vida, o maior medo do que será amanhã quando não estivessem juntos. Talvez ele passe alguns dias sem te responder, talvez você não saiba como foi o dia dele hoje. Talvez você chore a noite inteira por motivos os quais você nem sabe quais são, porque você ainda não sabe amar. Não sabe lidar com tanta coisa junta. E ele pode aparecer dias depois, fazendo o peso do seu peito diminuir em segundos e fazer o suspiro mais longo de alivio aparecer.

Os meses podem se passar, quem sabe anos de idas e voltas. Quem sabe nunca houve uma rotulação de nada entre vocês. Ele não foi apresentado como seu namorado para sua mãe, mas ela sabia dele. Nunca houve uma certeza entre vocês. Ele pode ter te apresentado para os amigos, aqueles que você não vê tem um ano. Você pode ter enchido os ouvidos das suas amigas falando dele. Ele pode ter dito que gostava de você, e você sussurrado de madrugada que o amava. Ele pode ter prometido que te veria na próxima semana, só que essa semana pode nunca ter chegado.


Pode ser que seu primeiro amor tenha acabado, assim, do nada, da mesma forma em que começou. E talvez esse amor te assombre para sempre. Você pode ver ele seguindo a vida por meio de fotos. E isso possa doer. Não. Eu tenho certeza que isso doerá muito. Aquela música que você ouvia vai doer. E então tempo suficiente passará até que ele se torne uma lembrança borrada em sua memória. Talvez você sorria. Talvez chore. Talvez sinta ele te esquecendo. Mas saberá que tudo valeu a pena, porque ele foi o primeiro a te dar o sentimento mais bonito que você sentiu.

terça-feira, 3 de maio de 2016

[TEXTO] PIOR QUE PERDER ALGUÉM, É PERDER A SI MESMO

Postado por Bianca Barion às 16:37 0 comentários
Eu queria telefoná-la, mandar um email ou quem sabe uma carta. Carta. Ela ficaria feliz em receber uma. Queria contar-lhe o que vem passando aqui dentro e o que assusta lá fora. Como as coisas mudaram e como eu superei alguns medos. Como outros cresceram, como pessoas foram embora. Não. Ela não ia gostar de saber disso. Se eu ao menos pudesse encontrá-la em algum canto. Escolher as palavras certas para que ela não me olhasse com pena. ‘’Você sabia exatamente o que queria’’. Não quero ouvir isso dela.

Ela ficaria feliz em saber que entrei na faculdade. Talvez risse dos meus novos gostos e diria ‘’Jamais eu gostaria disso’’. Eu riria também. E se eu dissesse sobre minhas magoas? Bem, ela arregalaria os olhos e diria que isso é normal. Sempre será. Me confortaria com um livro ou dizendo para eu ir escrever. Faz tempo que não escrevo, aliás. Isso a deixaria desconsertada.

Se eu ao menos pudesse encontrá-la. Ela que sou eu. Ela que acreditava nos seus sonhos com tanta garra. Acreditava que a coisa mais bela era o amor. Que chorava e tinha ataques de ansiedade e achava beleza em algum lugar naquela catástrofe. Eu sempre recolhia os pedaços. E escrevia. Escrevia até tudo de belo e doloroso sair. Ela que queria o mundo. Eu que não tenho mais esperanças.

O último gole de esperança é aquele de a achar. E quando eu me achar, não dar um simples telefonema. Ela quem vai me guiar. ‘’Ei, não se perca’’. ‘’Nós somos indecisas mesmo, mas o sonho que nos escolheu nunca nos deixa’’.


Eu posso ter deixado o sonho. Mas o sonho está lá. Junto dela. Junto de mim. Eu só preciso encontrá-los.

[TEXTO] COM AMOR, SOLIDÃO

Postado por Bianca Barion às 16:19 0 comentários
Eu nunca soube o que era solidão. Vivia de pequenos amores que me rendiam grandes dores. De coisas irreais que aos olhos da fé transformavam-se em verdadeiras. Regava com todo meu sangue e lágrimas flores que nunca desabrochariam. Cortei-me com espinhos que faziam doer a alma por toda noite. Eu não sentia solidão. Sentia dor.

Hoje o jardim que não mais cultivo, os pequenos pedaços deixados por alguém, aqueles que não me bastam mais, tudo foi embora. A liberdade preencheu-me e sinto o seu gosto agridoce na boca todo santo dia. O amargo vem quando olho em volta e não vejo nada. O doce vem na presença do descanso e da calmaria de um coração que já doeu muito. Mas a dor do vazio, ela existe. Existe de tal modo que nos faz perguntar qual o melhor lado a jogar. Entregar-se ou recuar-se.
Todo mundo precisa de alguém. Eu penso e repenso. Não quero acreditar. Segure sua própria mão, eu digo, faça a si mesma sorrir. Vá sozinha. Volte com o sabor do dever cumprido. Seja firme e continue forte. E se eu cair? Bem, eu aprendi a voar.

Mas querer alguém esperando caso o voo não seja bem-sucedido não é uma má ideia. Ou talvez alguém que voe comigo. Segurar as mãos de alguém no momento mais frio não seria exatamente ruim. E nem a companhia de alguém na volta e na ida. A mentira que isso não é o melhor para mim agora não parece a melhor ideia. Forte é quem admite. Precisamos de alguém.

Agora eu sei o que é solidão.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

[TEXTO] EVAPORAR

Postado por Bianca Barion às 22:50 0 comentários
Da última vez que o céu chorou, eu pude vê-lo através dos seus olhos. Demos as mãos, demos os primeiros beijos. Tive a certeza que sempre ia querer me abrigar da chuva ao seu lado. Tive a certeza que só você importava para mim, e sabia que todas as vezes que meu céu se tornasse cinza, eu ia querer você.
Quando lá em cima sorriu, nós voltamos a caminhar. Mãos dadas. Segundos beijos. E eu sabia que todas as vezes que tudo fosse o mais belo arco íris, eu ia querer você.
Sempre ia te querer.
Sempre ia te amar. 

[TEXTO] ALÉM DOS MIL QUILÔMETROS

Postado por Bianca Barion às 22:44 0 comentários
Eu não posso fazer você ficar.
Amar.
Me amar.
Ficamos, nos amamos. Eu te amei no passado e no presente. Você sempre foi o melhor presente que ganhei. Talvez eu te deixe ir no futuro.
Você não quer ficar, e a vida ensina, não há nada a fazer.
Se declarar é se humilhar, meu bem.
É ouvir o que você já sabe.
Não faça perguntas das quais você já sabe a resposta.
Pra quê?
Pra que firmar a dor, pra que confirmar.
Ele quer ir.
Deixe-o ir.
Mas deixe-me sofrer. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

[TEXTO] EU NÃO ESQUECI

Postado por Bianca Barion às 17:22 0 comentários
E eu nego, eu escondo, desvio e até fujo. O que mais faço é fingir.
Não esqueci e muito menos parei de pensar.
O seu rosto pálido, costas nuas, peito nu que invade minha cama, sussurra baixo, como em um segredo, você sabe, eu ainda sinto falta.
Eu ainda choro.
Madrugo remoendo, refazendo, relembrando e me redirecionando a tudo aquilo que quero esquecer,
Que quero apagar.
Você.
Com suas sobrancelhas arqueadas, o toque sútil, o riso abafado.
A voz que cantava, que ria, que alegrava, aquela a qual quase já me esqueci.
Mãos entrelaçadas em direção à lua.
Lua essa que ilumina meu caminho.
Meu caminho que hoje faço só.
Só desejando suas mãos.
Mas eu nego, eu escondo, desvio e até fujo, sempre.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

[TEXTO] VOCÊ SABE QUANDO ESTÁ PRESTES A SE APAIXONAR

Postado por Bianca Barion às 03:46 0 comentários
Amar não vem com manual de instruções, isso já é de praxe, virou até clichê. Ele bate na sua porta, sim, mas nunca que ele dirá ‘’ ei, posso entrar?’’ e daí você vai olhar para a bagunça que já está lá dentro e poderá dizer ‘’ não, não, sem chance’’. Ao invés disso, o amor com a sua cara lavada e petulante vai falar ‘’ não vou ligar para a bagunça, não’’, porque é obvio, ele quer que se dane todo o furação que ele já causou nas últimas visitas. Você pode fazer uma fortaleza em volta de você, pode não abrir a porta ou até mudar de endereço. Não tem dessa, ele desmorona tudo que você construiu, ele dá um jeito de entrar ou até de te achar. Correr para ganhar tempo, mas nunca efetivamente para fugir.

E quando ele te acha, você ainda tentar se esconder e se esquivar, igual naqueles filmes de terror, mas sempre vai cair e ser pega. Você sabe que não pode, que não deve, que nunca daria certo ou até que é impossível por todos os motivos que possam ser listados. Quando é para sentir, você vai sentir.

Ou você pode simplesmente mentir a si mesmo. Fingir que não liga. Mas você começa a perceber que está percorrendo aquele caminho intimidador. Quando você dá por si, está pensando na pessoa mais do que devia. Porque pensar 23 horas e 59 minutos não é o que estava nos seus planos. E a tentativa de distrair sua cabeça para não focar naquela pessoa indesejada, são todas falhas. Porque até quando você está esquecendo ela, você está lembrando, e quando se dá conta, está criando situações no terrível lugar chamado mente que tem conexão direta com o coração. Você tenta e tenta, mas não consegue, porque é inevitável, está se apaixonando.

Quando uma coisa que você costumava fazer sozinha agora só tem graça se a pessoa estiver junto, porque se não estiver, você sabe, vai estar faltando algo. Algo muito grande. A leveza que aquela pessoa traz a essa situação, a esse lugar. A leveza que ela dá para a alma. Mas a ancora que ela se transforma repentinamente, te levando para baixo cada vez mais rápido. Cadê ela? Meu dia não tem graça sem eu poder compartilhar aquela coisa engraçada que aconteceu no almoço ou a tristeza que eu senti a noite.

Você começa a necessitar dela e a necessidade só leva a frustração. E não tem ninguém que saiba mais disso que você, mas quem disse que você tem o controle sobre o coração? Sobre o sentimento? Sobre o amor.

É, isso é só uma questão de tempo;
                                                                                 

domingo, 18 de janeiro de 2015

[TEXTO] MIL QUILÔMETROS

Postado por Bianca Barion às 18:51 0 comentários
E hoje, especialmente hoje, a vontade que é maior que ontem e menor do que amanhã, tornou a invadir os pequenos fragmentos de alguma coisa que ousava-se a ser chamado de coração. A crença imbecil e incrédula, cheia de fome de algo que nem posso tocar, o embuste que isso é para sempre. Isso que não é possível de ver a olho nu, que torna a doer as vezes, que torna a sangrar, mas nunca a morrer. O empecilho entre nós dois, ele se faz de cego diante dele o tempo todo, ele, o sentimento. Ele que cresce acovardado, mas você o dá coragem, logo a retirando. As mentiras que conta em tom de verdade. As verdades que conto em tom de mentira. Imaginei-te deitado ao meu lado, alisando meu rosto, dizendo nada. Só sentindo. Sentindo que sou a única no meio de tantas que nunca chegou a te querer. E eu te quero. Quero com todas as fibras gastas do meu corpo, com toda a minha paranoia, minha mania e loucura. Disse que não pode me mudar, mas nem eu posso. Sou isso que você vê, essa bipolaridade disfarçada de destreza e doçura, que te envolve forte, que traz você perto, mesmo estando longe. Tão longe que nem reflito muito sobre. Sua voz atravessa quantos quilômetros para chegar até meu ouvido? Aliás, quantos quilômetros um sentimento sobrevive? 

sábado, 27 de dezembro de 2014

[TEXTO] PARA VOCÊ, J.

Postado por Bianca Barion às 23:07 0 comentários
Se for para ir embora, o faça com carinho. Você sabe que lhe dei meu coração quebrado em mínimos pedaços, feito um vaso velho. O dei em suas mãos e você olhava meio sem jeito, meio sem ter o que fazer, mas olhava com aqueles olhos castanhos. Sorria com aquele sorriso que só você sabe dar, e, bem, eu pensei - que se dane. Se for para ir embora, deixe-me abraçar-te só mais uma vez. Eu juro, não vai demorar muito. Pegue na minha mão, olhe-me sem jeito e faça promessas fajutas, como a que um dia encontrarei alguém tão especial como você. Se for para ir embora, vá rápido, sem anestesia, não tente achar o encanto que se foi. Você não achará, nenhum deles nunca acha. Mas antes, deixe comigo aquela blusa azul escuro sua que você jura que te deixa mais bonito, como se isso fosse possível. A deixe para eu sentir seu cheiro antes de dormir. Assim como eu fazia antigamente e você ria quando eu contava. Deseje-me boa sorte. Deseje-me força. E quando for embora, dê-me um beijo e diga que o último é seu, e dessa vez eu deixarei você vencer, porque realmente é o último. Não se assuste quando meu coração virar pó. Apenas tire seus óculos para não ver com clareza. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

[TEXTO] NOSSA HISTÓRIA SEM COMEÇO

Postado por Bianca Barion às 20:11 0 comentários
Imagine se eu só te conhecesse daqui a 10 anos. Numa hora desta, eu estaria em paz. Eu poderia estar ouvindo músicas tristes e não me identificando com nenhuma. Andaria por aí com o coração desocupado. Toda noite sem angústia e as lágrimas em função de você. Poderia estar me sentindo intensa, forte. Eu ainda faria cara feia ao ouvir rock. Não me sentiria tão imprestável. Sem tantas perguntas me assombrando. E se eu tivesse te conhecido há 10 anos? Se a gente fosse melhores amigos. Eu tivesse passado a maior parte da minha vida sendo sua amiga, te decifrasse de trás para frente. Se desde sempre você soubesse que eu te amava. Chegaria num ponto e afirmaria: ‘’é ela’’? Será que nossa história é impossível por questão de tempo, por questão minha, sua, ou do destino? Imagine se eu nunca tivesse te conhecido. Toda vez que eu penso que poderia ter seguido outro caminho no ano anterior, nunca ter cruzado com você, vem uma vontade de chorar. Pois é, quando não choro pensando em ti? Sabe o que me deixa de pé quando eu acho que tudo está acabado, quando está tudo uma droga? É você. Você se tornou minha esperança, minha felicidade em tanto pouco tempo. E sabe o que é pior? Isso não é para sempre. Neste momento você está amando outra, enquanto eu, o que faço? Escrevo coisas que você nunca se quer vai ler. Minha esperança é você. Mas eu nunca te terei. A vida me apresentou uma pessoa maravilhosa, mas e daí? O que eu ganho com isso? Eu vou ter você para mim? Eu vou ter alguma chance contigo algum dia? A resposta é clara: Não. Eu não quero enxergar isso, porque você é minha perspectiva. Você me traz felicidade. Mas essa esperança vai embora algum dia. Vou perceber que você nunca segurará minha mão, eu nunca te beijarei, você nunca me chamará de ‘’amor’’. E quando isso acontecer, eu vou perder o que me mantém em pé, e eu estou com tanto medo. Eu te amo, e talvez nossa amizade não sobreviva a isso. Nunca seremos amigos completos. Vou ser sempre a que te ama. E você o que ama outra. 
O ponto é esse: O destino. Se eu tivesse te conhecido anos atrás, anos a frente, não mudaria nada. Eu sinto isso. Eu fui destinada a me apaixonar por você, mas você não foi para o mesmo. Nunca seria. Namorando, solteiro ou até viúvo. A gente não foi feito para ficar junto, mas a vida quis, de alguma forma, que eu te conhecesse, mesmo que eu ache que não posso viver sem você, enquanto eu seria sua última opção de amor. Eu só sei que o que nunca poderia acontecer, seria eu nunca ter te conhecido. Eu estava aqui o tempo todo, só te esperando, porque eu precisava do seu sorriso para acreditar. E talvez agora eu acredite. De qualquer forma, o destino foi lindo me apresentando você. Não ficaremos juntos nunca? Que se dane, eu amei você da forma mais verdadeira, e quem sabe, em outra vida.
 

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